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Os livros como espelhos: quem fui, quem quero ser…

Bauru, 24 de novembro de 2024

Olá, queridos leitores, como vocês estão?

Já aviso: isso não é uma resenha. Até porque, confesso, nem terminei o livro ainda. Mas eu precisava escrever, precisava desabafar — mesmo com aquela preguiça sussurrando no fundo da minha mente. São tantas coisas acontecendo, tantas reviravoltas aqui dentro, e colocar isso em palavras parece a única forma de organizar o caos.

Comecei a ler “Os Sete Maridos de Evelyn Hugo” ontem. Deveria ter feito isso? Definitivamente não. Tenho relatórios acumulando pó e prazos piscando em vermelho. Mas o importante é que, no final, sempre dá tudo certo. Não é? Ou pelo menos é o que a gente tenta acreditar (spoiler da Evelyn do futuro: deu certo!).

Esse livro, até agora, tem sido uma experiência. Ele não veio só como uma leitura interessante; ele veio como um chamado no momento perfeito, como se de alguma forma soubesse o que anda borbulhando dentro de mim. Acho que uma das mágicas dos livros é essa: a gente se reconhece, encontra pedaços de si neles, e de repente, não estamos mais sozinhos. Mas o que Evelyn Hugo fez foi diferente: ela me trouxe de volta a um lugar seguro que eu tinha perdido — aquele lugar que costumava existir quando eu me refugiava nos livros e nas histórias que eu mesma criava.

Quando eu comecei a ler lá atrás, muitos anos atrás, os livros eram uma fuga. Eu era aquela pessoa que devorava romances e se imaginava no lugar da protagonista. E em um momento muito específico, um pouco antes de entrar na faculdade, foi “Apenas um Dia”, da Gayle Forman, que me salvou.

Naquela época, eu estava apavorada. Cidade nova, uma vida longe dos meus pais, longe de tudo o que me era familiar. Era assustador, mas, ao mesmo tempo, era empolgante. Eu sabia que a minha vida não seria uma história de filme ou um livro cheio de reviravoltas apaixonantes, mas, ainda assim, eu sentia medo. Muito medo. Foi naquela época que ler aquele livro me trouxe uma coragem inesperada. Mesmo que a história em si não tivesse nada a ver com a minha vida, ver a protagonista dizer sim às possibilidades me fez perceber que eu também poderia dizer sim. Eu poderia me aventurar, mesmo tremendo por dentro.

E agora, por alguma razão inexplicável, senti que precisava disso de novo. Dessa vez veio “Os Sete Maridos de Evelyn Hugo”. Em cada página, Evelyn me ensina algo novo: a se impor, a correr atrás do que você deseja, a não ter medo de lutar pelo que é seu. E, mais uma vez, eu me vejo no espelho das palavras. Estou olhando para mim mesma e pensando: Ok, estamos assustadas. Não sabemos o que vai acontecer. Mas a gente vai dar um jeito.

Estou prestes a terminar a faculdade. É surreal. Faltam só sete dias e eu acho que ainda estou naquela fase de negação. Parte de mim simplesmente se recusa a acreditar que não haverá mais um próximo semestre, uma nova grade, novos estágios para me enlouquecer. Parte de mim se recusa a aceitar que o momento pelo qual eu implorei tantas vezes — por favor, que isso acabe logo! — finalmente chegou. E agora? Agora que chegou, eu percebo que não estou pronta para o fim.

Mas existe outra parte de mim. Uma parte que, embora apareça raramente, sabe que vai ficar tudo bem. Ela me lembra de todo o esforço, toda a dedicação que me trouxe até aqui. Ela diz: Se você chegou até aqui, não foi por acaso. Você é capaz. E por mais que o medo grite, essa voz tranquila me leva de volta para aquele lugar seguro. É ali que eu respiro fundo e penso: Ok. Eu estou pronta. Mesmo que ainda não pareça.

Então, é isso. Eu vou seguir em frente, um passo de cada vez. Porque, no fundo, eu sei que sempre fui capaz de enfrentar o que viesse — e agora não vai ser diferente.

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