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Herói ou Vilão: A Narrativa Muda com o Olhar

Bauru, 12 de dezembro de 2024

Olá leitores de plantão, como estão?

Herói ou Vilão? Tudo depende da perspectiva…

Eu estava aqui em casa esperando meu celular carregar para jogar LOL (podem me julgar), quando comecei a pensar no que iria fazer nessas férias. Foi então que lembrei do meu livro e percebi que seria um ótimo momento para me dedicar à criação dos personagens. E, no meio disso tudo, também me lembrei da personagem do blog (sim, tô falando que tava inspirada esses tempos, mas depois falo disso) e comecei a refletir sobre uma carta que comecei a escrever sobre ver a vida como se fosse uma história (meme de booktok). Tudo isso me levou a um único ponto: como nas histórias, ser ou não o vilão é tudo uma questão de perspectiva.

Comecei lembrando do famoso clássico de Peter Pan. Acho que isso aconteceu porque comentei sobre ele essa semana com as meninas do estágio. Existe uma ideia — acredito que seja teoria — de que o Capitão Gancho, na verdade, era o herói, tentando salvar as crianças do Peter, que as sequestrava. Não estou aqui pra discutir se isso é verdade ou não, mas é interessante pensar que, caso fosse, se o Capitão Gancho narrasse a história, ele seria o herói e Peter o vilão.

E esse pensamento me levou a outros exemplos, como os famosos clichês de romance, onde o par romântico já é comprometido, mas no final parece “tudo bem” porque a namorada dele é uma megera. Mas já pararam pra pensar que, no final, quem está contando a história é a protagonista? E se ela só inventou essas partes pra não parecer tão filha da puta assim? Talvez a tal “vilã” fosse só uma garota insegura, vendo o namorado se apaixonar e trocá-la por outra. Se fosse ela narrando, talvez a protagonista fosse a verdadeira vilã.

É engraçado como essa inversão de papéis pode nos fazer refletir sobre nossa própria posição nas narrativas da vida. Comecei a pensar em pessoas que passaram pela minha vida e que talvez nem façam ideia de que foram vilãs da minha história. Por mais boas que fossem, naquele momento e naquela situação, foram. Da mesma forma, me questionei: será que já fui vilã na história de alguém?

Na perspectiva de um personagem, qualquer ação que ameace ou prejudique sua visão de mundo pode parecer traição ou injustiça, colocando quem age contra ele na posição de vilão. Mas, muitas vezes, a motivação por trás dessas ações é proteger-se, lutar por uma causa ou até buscar a própria felicidade. Isso coloca em perspectiva o quanto nossos julgamentos sobre o que é certo ou errado dependem de quem está contando a história.

E é interessante pensar no quanto somos complexos. Cada pessoa é influenciada pela sua própria história de vida, seus valores, medos e inseguranças. Assim, vemos como as crenças e interpretações moldam a percepção que temos de nós mesmos e do mundo ao redor. Nesse espaço de interpretação, fica claro que todos nós, em algum momento, podemos ser o “vilão” da história de alguém. Muitas vezes, sem nem perceber, nossas ações ou decisões podem ser vistas de forma negativa, mesmo quando nossas intenções são boas.

Quando entendemos que a história de outra pessoa pode ser completamente diferente da nossa, percebemos que as definições de “herói” e “vilão” são muito mais fluidas do que imaginamos. Cada um é o protagonista da própria história, mas isso não significa que sejamos sempre heróis nas narrativas dos outros.

Isso me fez pensar também no quanto é inútil se comparar com os outros. Muitas vezes, o vilão de uma história está só lutando por algo que considera importante, enquanto o herói pode, sem querer, causar dor ou desconforto. Refletir sobre isso nos permite questionar nossas próprias atitudes e considerar como elas podem ter sido interpretadas por outras pessoas. E, no fim, acho que tudo isso nos ensina uma lição importante: todos nós somos humanos, e em algum momento falhamos ou erramos. Mas isso não nos define como vilões ou heróis eternos. No final das contas, todos temos nossas próprias histórias, com pontos de vista diferentes e interpretações únicas. Talvez o segredo esteja em ter mais compaixão, tanto pelos outros quanto por nós mesmos. Afinal, somos protagonistas das nossas jornadas, mas nunca deixamos de ser coadjuvantes nas histórias alheias.

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